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Aline Zilli


Aline Zilli é atriz e produtora do Grupo Ueba Produtos Notáveis.

É formada em Comunicação Social – Publicidade e propaganda pela UCS com extensão em Administração Pública da Cultura pela UFRGS.

Perita avaliadora de projetos culturais do Ministério da Cultura via Funarte.

Articuladora da Rede Brasileira de Teatro de Rua. É gestora do FESTEAR – Festival de Teatro de Rua de Caxias do Sul.

 

A arte como instrumento de aproximação e reflexão

Por Aline Zilli

O que tem em comum Presidiários, policiais, travestis e palhaços? Essa é uma longa história sobre quatro horas em um Festival! Buscando traçar um paralelo entre esses tipos, vasculhei a memória em busca de uma referência que pudesse unir, e a única resposta foi a do que vivenciei hoje! Só a arte para unir! Explico: Estamos falando de uma noite de teatro no Entepola.

Começamos mais uma noite no anfiteatro de Pudahuel, uma comunidade com cerca de 350 mil habitantes em Santiago, Chile. A noite começa como todas, com um tímido público perto das 21h, para assistir as apresentações que começas perto das 22 horas. (estranho o horário, mas todos aqui parecer muito a vontade). Sentamos nos frios bancos de concreto e chega o apresentador (Eduardo), envoca o público com os bordões do encontro “A utopia vive donde? Em PUDAHUEL” e “Os protagonistas somos TODOS”.  Anunciada a primeira apresentação o clown italiano, um expert em balões. O público vêm a baixo. Crianças sobem ao palco brincam e se divertem com os números baseados nos balões.

Eis o anúncio da próxima obra. Da comunidade de Colina. Entram em cena os atores que arrasam, mais vivos do que nunca, com muito tesão para a cena e para o público. Movimentos bem marcados, imagens formadas com os corpos. Imagens políticas que abordam um cotidiano diferente da maior parte do público que ai estava. Ao término a platéia grita, chora, ergue cartazes. Eis parte da explicação: todos em cena são carcereios, exceto o diretor que atua junto. Familiares tomavam a plateia de forma explendida, gritavam palavras de encorajamento. Bravo.

A obra tratava sobre a vida no cárcere, portem com outras contextualizações. Eles foram enclausurados por exemplo pela Televisão, e por tantas outras formas que somos enclausurados hoje em dia. Quanto ao aspecto social da apresentação 10. Quanto ao caráter de atuação 10. Sem dúvidas foram bem preparados pelos diretores que os acompanham ao longo do ano, mas sem dúvida a vontade pela liberdade, pela retratação de um crime.

Sempre que pensamos na cadeia, em presos, em criminosos os pensamentos que vêm a tona são os piores, afinal eles tem que pagar pelos seus crimes, porém esquecemos que antes do crime, são seres humanos. Mas ai somos tomados por diversos pensamentos. São matadores, são estupradores, são traficantes, pedófilos, e toda gama de mau caráter que se encontram nos presídios. Mas ali estavam, num palco, tentando mudar alguma coisa em si ou na sociedade. Não consigo imaginar como eles se sentiram pois é uma coisa que nunca passei nem próximo a essa reclusão. Mas sabemos bem como é a sensação de estar num palco, em uma plateia querida com uma boa obra.

Outra coisa nos chamou a atenção. O policiamento. Estávamos com atores criminosos, expostos enquanto público e cidadãos. Olhávamos pelos arredores e não víamos um policial. Estranhamos muito, mas a obra apagou a insegurança e não pensamos mais nisso.

Agora chega a hora do palhaço. Estávamos entrando nos bastidores do anfiteatro para trocarmos as roupas para uma pequena esquete de palhaço que faríamos na troca de cenários entre dois trabalhos, para segurar o público em altas horas da madrugada. Entramos e damos de cara com homens armados no escuro das cochias. Sim, uma das atitudes mais dignas que já vi: O policiamento estava a paisana! Armados, mas vestidos como qualquer outra pessoa, sem gerar um constrangimento ou mal estar tanto para o público do Entepola quanto para os presidiários que eram vistos pelos seus familiares. Tínhamos lá pelo menos um policial para cada apenado e um camburão.

Estávamos ali, nos vestindo de palhaços e esperando para nosso número. Improvisamos e brincamos, foi divertido.

Enquanto estávamos no palco ao nosso redor haviam 3 travestis prontos para entrar em cena na próxima apresentação da noite. Eles também falavam sobre uma espécie de reclusão, brigando, dançando e fazendo a sua parte para tentar um mundo com mais respeito e dignidade.

Só sei que hoje fui tomada por diversos pensamentos, não conseguirei coloca-los aqui, eles terão que amadurecer muito mais. Mas sei que vi brotar dignidade com vontade de liberdade. Acho que não só para os atores da noite, mas para todos que vivem na utopia do teatro!

Só sei que a arte une e abre a cabeça. Que todos tenha isso em mente e façam acontecer!

Vida Longa ao grupo de teatro de Colina – Vida longa ao Fênix e Ilusiones!!!!!

 

 

 

 

 

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